Sequestradores afirmam que estavam a serviço do delegado Costa e Silva
Redação - Jornal 12 Horas 21 de maio de 2024 0 COMMENTSO cabo da Polícia Militar do Amazonas, Marçal Canigia, e Ronaldo Bezerra, identificado como falso policial civil, foram presos enquanto realizavam o sequestro de uma família nesse domingo, 19/5, no Conjunto Manoa, zona Norte de Manaus. Com os suspeitos foram apreendidos pistolas e armas longas, além de coletes à prova de balas.
De acordo com o relatório da ocorrência, por volta das 17h30, a equipe policial estava em patrulhamento na rua da Saudade, no Manoa, Cidade Nova, quando um motociclista os abordou.
O motociclista informou que havia presenciado homens em um veículo Polo preto, de placa OAM-9631, sequestrando um casal com uma criança. A testemunha também relatou que os suspeitos estavam armados e que o carro estava a poucos metros da viatura.
Após receberem a denúncia, os policiais retornaram à rua mencionada, estacionaram a viatura obstruindo a via e iniciaram as buscas. O veículo suspeito foi avistado e a equipe deu voz de parada aos ocupantes, que foram ordenados a sair do carro.
Os dois homens saíram do veículo armados e usando coletes à prova de balas. Após serem rendidos, identificaram-se como policiais.
Sequestro
No veículo, além dos dois infratores, estavam Maicon Maciel Ribeiro Martins, de 38 anos, sua esposa Ana Oliveira Brandes, de 35 anos, e a filha do casal, Maitê Brantes Martins, de 2 anos.
As vítimas informaram que haviam sido rendidas pelos elementos nas proximidades da rua Francisco Queiroz, no Manoa, em um estacionamento de uma drogaria, enquanto estavam em sua Pick up Toro branca. Eles relataram que foram surpreendidos por três infratores armados, e após a abordagem, um dos indivíduos fugiu com o carro das vítimas. O casal foi algemado e colocado no veículo Polo preto, seguido pela filha.
Durante a abordagem, os policiais encontraram folhetos no interior do veículo com fotos do veículo Toro branca, de Maicon, e de outra pessoa não identificada. Também foi encontrado o celular da vítima.
Diante do cenário, dos relatos das vítimas e da confirmação do sequestro, foi dada voz de prisão aos acusados, que foram conduzidos ao 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
Prisão e apreensões
Na delegacia, foi constatado que Ronaldo não era policial civil, enquanto Marçal foi confirmado como policial militar pertencente ao efetivo da 24ª Companhia Interativa Comunitária (CICOM).
Em nota, a Polícia Militar do Amazonas confirmou a informação. “Entre os presos está um cabo da corporação, que foi encaminhado junto com o outro suspeito para o 19ª Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde ficarão à disposição da Justiça”, diz a nota.
Segundo os suspeitos, eles estavam a serviço do delegado Costa e Silva, porém, o próprio delegado compareceu ao 19º DIP para prestar esclarecimentos e negou que os acusados trabalhavam para ele ou que sequer os conhecia. Também foi constatado que a placa do veículo usado pelos suspeitos era falsificada.
Em nota, o comandante-geral da PMAM, coronel PM Klinger Paiva, afirmou que a prisão é resultado da política de gestão da corporação em não compactuar com atitudes ilícitas de seus agentes. “A Polícia Militar do Amazonas é composta, em sua grande maioria, por homens e mulheres íntegros. Então, nós não iremos tolerar desvios de conduta de nenhum policial militar. Vamos continuar atuando para afastar da nossa corporação aqueles que mancham a reputação e não são dignos de usar a farda da PM”, declarou o comandante.
Além dos trâmites na polícia judiciária, a PMAM irá instaurar um procedimento administrativo na Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da corporação, para apurar o envolvimento do cabo no crime. Após a conclusão das investigações, o policial militar será devidamente punido conforme regimento interno da instituição militar.
Os dois foram presos em flagrante por posse ou porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição, extorsão, sequestro e cárcere privado, e associação criminosa.
A ação resultou na apreensão de:
01 fuzil Brigade 556 NATO, sem numeração
01 carabina Taurus CTT .40
01 pistola Glock
01 pistola Beretta
74 munições 9mm
44 munições .40
16 munições 556
02 coletes balísticos completos (capa e placa balística)
01 par de algemas
01 celular iPhone 14 roxo
01 celular Samsung branco
01 celular Samsung verde
01 veículo Polo preto, com a placa OAM-9631 (placa original HXT-1746)
01 carteira porta-cédulas contendo documentos de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) e 02 cartões bancários.
PM apura caso
A Polícia Militar também revelou que será aberta uma investigação para apurar o envolvimento de Marçal no crime. “Além dos trâmites na polícia judiciária, a PMAM irá instaurar um procedimento administrativo na Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da corporação, para apurar o envolvimento do cabo no crime. Após a conclusão das investigações, o policial militar será devidamente punido conforme regimento interno da instituição militar”.